***dia dos pais***

difícil imaginar seu jayme, um cabo de vassoura no centro do salão, que pagava qualquer mico pra expor aqueles pés sem nenhum ritmo em uma quadra de samba ao lado de uma mulata, passar horas ouvindo, repetidas vezes, algumas jóias da canção francesa.
era aí que ele lembrava de reconhecer a luminosidade de uma loira de seios fartos e voz sussurrante, como o que havia de melhor na vida de um homem, principalmente se, tudo isso, viesse acompanho de boa música.

dalida ... j'attandrai

foi com ele que nós aprendemos a gostar de tudo que soasse feliz aos ouvidos e ao espírito.
boa música foi seu maior ensinamento.
diversificada, a música lá de casa ia da ópera (contrariado, ele permitia), ao samba mais escraxado ou à batucada mais batida, num piscar de olhos.
a gente não deixava de lado, por nada desse mundo, nos finais de semana, uma boa "dançada". éramos nosso par predileto.
sua preferência, uma enorme surpresa para quem conheceu sua vasta coleção de discos de música brasileira, era a chanson française, e a mais querida ... menilmontant

"can-can" foi o filme lá de casa e, na falta da trilha original, doris day, uma loira mais que poderosa, veio em meu socorro e se pôs a cantar, sobre os telhados de paris, de cole porter, compositor que conheci desde o berço, uma das canções do filme que tinha, sinatra, maurice chevalier, louis jourdan, shirley maclaine ...

"i love paris".

é isso aí "panda", você ia gostar de saber que eu tenho saudade ...