sábado, 6 de outubro de 2007

***dorneles e o golias*desconstruindo o mito***

***
tenho absoluta convicção de que a cultura, particularmente, a leitura é transformadora. sem cultura, não existe a capacidade do entendimento de qualquer situação, por mais corriqueira que seja. a boa leitura aciona em nosso cérebro um mecanismo de defesa que nos impede de acreditar em falácias, ativa o senso crítico, nos dá independência, nos torna capazes de avaliar, resolver adversidades e, acima de tudo, nos torna livres. o aculturamento através da leitura está em desuso e isto me parece assustador.

***

uma das melhores pessoas que surgiram na minha vida, nos atuais bons, felizes e pródigos dias, do resto da minha vida, é carlos dorneles.
“aquele da globo”, como perguntam as pessoas que cruzam comigo quando ele está por perto, é um sulista nascido em 2 de janeiro de 1954, em cachoeira do sul, lá pros lados dos pampas, daqueles que comemoram fervorosamente o 20 de setembro – data da revolução farroupilha – e que carrega no baú da sua vida, três edições do “prêmio jornalístico vladimir herzog pela anistia e direitos humanos”, entregue aos profissionais preocupados com direitos à moradia, educação, saúde e defendem a cidadania, ou lutam contra todo tipo de tortura e exclusão social:
- 1994, com a matéria "por que morrem os jovens em são paulo",
sobre crimes impunes na periferia;
- 1995, com a materia "a mortandade de jovens no trânsito de são paulo";
- 1997, com a matéria "as fraudes da adoção no brasil".

texto surrupiado do site
http://www.riogrande.com.br/



igreja matriz de cachoeira dos sul

ponte fandango sobre o rio jacui


em 2003 foi publicado seu primeiro livro, “deus é inocente, a imprensa não”, uma das mais apaixonantes leituras, com a qual tive a oportunidade de envolver meu corpo, meus pensamentos inteligentes e meu coração.

de setembro de 2001, a outubro de 2002, desprovido de máscara ou armadura, o dorneles tomou nas mãos uma funda, algumas pedras e partiu para enfrentar o golias. assim como davi, precisou de muito mais que simples pedrinhas e uma atiradeira para enfrentar um gigante. valendo-se de inteligência, critério, determinação, sabedoria, conhecimento, caráter, profissionalismo, muito empenho e muito trabalho, ele insurgiu contra a manipulação da imprensa, com uma única preocupação, a de atirar na hora certa, contra o alvo certo.

em “deus é inocente, a imprensa não”, carlos dorneles narra de que modo as poderosas agências de notícias internacionais, assim como os maiores jornais da banda ocidental do planeta, criam preconceitos e estereótipos que, raramente ou nunca, encontram barreiras. o resultado é a notícia mal intencionada que segue seu trajeto sem que haja, na maioria das vezes, um agente catalizador que a desmonte, ou seja, um profissional livre, independente. a conivência ocorre, na maioria das vezes, por interesse econômico e/ou político mas pode, por outro lado, ser fruto de pura ignorância, despreparo ou intenção sensacionalista.

o marco de sua pesquisa foi o 11 de setembro, quando o pensamento da mídia internacional do ocidente igualou-se ao dos eua, que acreditam não haver no mundo, ninguém mais com opinião que valha a pena ou que esteja interessado naquele assunto a não ser, eles mesmos ... a prova de que são raros os desmoralizadores do poder da mídia atrelada ao mais forte, foi a divulgação que o livro obteve através da imprensa. a maioria dos jornais não divulgou o lançamento.

é bom ter na cabeça que, o 11 de setembro que deu origem ao livro de carlos dorneles, não é isolado. o que significa que existem infinitos outros assuntos igualmente manipulados. portanto ... atenção!!! após a leitura do “deus é inocente, ...”, não será necessária nenhuma atitude drástica com relação à notícia que recebemos por meio de jornais, rádios ou tvs. não precisamos radicalizar e nos tornarmos eremitas, completos descrentes ou absolutamente mal informados. basta que tenhamos bom senso e discernimento.

volto às primeiras frases do meu post: a mais eficiente maneira de nos tornarmos pessoas minimamente criteriosas, sabidas e com poucas possibilidades de serem ludibriadas, por quem quer que seja, e em qualquer circunstância, é através da leitura. portanto, vamos lá!!!
a leitura do livro do dorneles é obrigatória e um ótimo começo.
“deus é inocente, a imprensa não”
segundo lugar na categoria reportagem e biografia do “prêmio jabuti” de 2004, pode ser encontrado no comércio cultural do brasil inteiro. a obra do dorneles editada pela globo no ano de 2003, é um livro brochura de tamanho médio, com 276 páginas, que abraçam um dos melhores textos do jornalismo investigativo brasileiro.
é isso. sejamos felizes.

2 comentários:

Requerí disse...

por razões que a própria razão desconhece e se espanta, o raio desse blog ficou temperamental me obrigando a fazer ene maracutáias pra reanimá-lo, include deletar a mesma postagem e copiá-la ... o sábio carpentieri tinha colocado um comentário no post falecido do dorneles ... copiei aqui ...




Sábio do Cerrado disse...
Bem redigido o intróito.
Quanto ao tal escritor, não li esse livro dele, mas pelo título é o óbvio ululante.(a imprensa vive de anúncios, de contratos... claro que nunca se posicionará contra seus financiadores)
Aprecio quem tem autonomia em se expressar. Fácil atirar aleatoriamente. Só acredito em autores cujas atuações na vida são compatíveis com o que escreve. "Aquele que trabalha na Globo", como vc mesma escreveu, não tem esse perfil.

5 de Outubro de 2007 23:46

Anônimo disse...

Não importa onde trabalhe....
Importa o que diz e escreve ....
Estou ficando entendida .......
Beijos
Clara