quinta-feira, 1 de novembro de 2007

***the world***

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minha participação na mostra 31 terminou ontem com o filme de jia zhang-ke,
the world.
suavemente impactante, absurdo, melancólico, chocante.
ao som da voz estridente de tao, uma das bailarinas do show do parque, pedindo através dos corredores dos camarins, um curativo, tem início um dos mais belos filmes da mostra 31, e um dos mais marcantes da minha memória cinéfila colecionadora.
a cena foi produzida pela câmera nas mãos de jia andando à frente da personagem. incrível, o resultado!




o colorido chinês das roupas, das maquiagens, contrasta com uma pekin sombria, suja, poluída, pobre, e com o ilógico de um parque temático, que hospeda patéticas semi-miniaturas de monumentos da humanidade, colocadas ali sem o menor escrúpulo, e que são visitadas por turistas dentro de um trem suspenso em trilhos, que transita ao som da voz aguda e inexpressiva de uma guia anunciando a inuzitada beleza do lugar. insólitos os diálogos entre as duas melhores amigas, uma russa a outra chinesa.






o impacto que senti, levou-me de volta ao cinema de truffaut de 1976 e a lembrança do seu farenheith 451, no qual a melancolia, o absurdo, a morbidez e a inércia dos habitantes das cenas, causou-me igual mal estar, como se eu tivesse que me desculpar pelo que estava assistindo.
apesar da semelhança na sensação que ambos produzem em mim, é importante saber que jia faz um cinema nada igual, nunca feito antes.
a beleza das cenas fica por conta do uso inuzitado que ele faz da câmera, ligando-a diante de imagens e cenas, as menos convencionais.
a desordem atinge o grau máximo quando alguma personagem recebe mensagem pelo telefone móvel.
aí o espectador entra em completo desatino, diante da cena em formato de desenho animado.

o vídeo mostra uma pequena seleção de filmes de jia zhang-ke, que está sendo homenageado na mostra 31 e, ontem, respondeu aos curiosos no clube da mostra, espaço localizado no meu reduto paradisíaco cinéfilo,
o arteplex do shopping frei caneca.


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3 comentários:

mara* disse...

Que maravilha essa sampa cultural! Desde que assisti ‘Sonhos’ de Akira Kurosawa e ‘Lanternas Vermelhas’ de Zhang Yimou, sou louquinha de babar pelo cinema asiático, principalmente o chinês de Zhang, onde os homens não possuem quase nenhum destaque e a figura feminina é valorizada, impressionante como os filmes desse diretor são belos, o colorido inigualável, espetacular. Infelizmente, não tenho por aqui um reduto paradisíaco, e dificilmente verei algum filme de arte, apenas os insuportáveis hollydianos, com raras exceções. Beijão.

mara* disse...

ah...ontem comecei a consertar o blog pintando música, e espero que esteja funcionando, depois vc dá uma passadinha por lá para conferir? Hoje fui fazer o upload do restante das músicas e não consegui, vou voltar mais tarde...o cantor khaled é aquele mesmo que imaginei ser, da trilha sonora de uma das novelas globais, e a música é 'el arbi'. Obrigada Rê por me indicar o site de hospedagem, e como vc bem disse, agora sou uma mulher totalmente feliz...rs...

Requerí disse...

mara, algumas vezes já me aconteceu de nbão conseguir fazer o upload. isso passa.

meniiiiiiiiiiiiina escrevei paradizíaco, agora que me dei conta .... vou lá, corrigir isso.

minha paixão por cinema asiático vem desde akira kurosawa, faz um tempinho. mas firmei essa preferência, quando conhecei uns japoneses em preto e barnco, numa locadora, por faltão de opção. cai de 4. beijo.